Comprar em brechós não é apenas uma atitude de consumo sustentável mais consciente. É também se adaptar a um novo estilo de pensar o nosso consumo.
Enquanto nós considerarmos que mudar os nossos hábitos de consumo é fácil e que são necessárias apenas dicas para achar bons garimpos, não estaremos de fato refletindo a forma como consumimos e como podemos entender melhor os nossos desejos de compra.
No mundo das roupas de segunda mão, garimpar significa encontrar peças incríveis: raras, de boa qualidade e que são a nossa cara.
Para te ajudar a entender melhor que comprar em brechó vai além de uma checklist de dicas, trazemos para vocês os mandamentos para arrasar nos garimpos.
Mas não se preocupe: no final desse artigo você encontra uma lista para consulta rápida quando você tiver em suas compras, seja em brechós online ou físicos.
Veja abaixo quais são os mandamentos para fazer compras com mais intenção, diversão e sustentabilidade.
1) “A paciência é minha amiga e o tempo meu aliado”
Não é garantido que você vai encontrar a peça dos seus sonhos à primeira vista no primeiro bazar que você for visitar.
Para fazer boas compras e fazer achados incríveis nas lojas da sua cidade, em perfis de brechós na internet ou sites de revenda, você precisa exercitar a sua paciência e entender que os tesouros não são tão fáceis de encontrar.
Sabe aquela peça que você conta com gosto como foi que você achou? Tente se lembrar: ela estava na vitrine ou no manequim no dia que você a encontrou?
Provavelmente não, já que até em lojas comuns nós precisamos passear pelos cabides até achar uma opção que seja do nosso tamanho. Acertei?
De toda forma, em qualquer compra que você fizer na vida, o tempo e a paciência são necessários. Experimentar, verificar detalhes, considerar se o preço vale a pena… Não tenha pressa.
Já diziam as nossas avós, mães e tias: a pressa é inimiga da perfeição.
Reduza a sua expectativa
Decidir comprar roupas, sapatos, acessórios, decoração ou outros itens em brechó é aprender que é preciso fazer o controle de expectativa.
A gente pode até sair de casa esperando encontrar uma nova calça jeans para chamar de nossa, mas não significa que vamos encontrá-la. Tamanho, modelo, lavagem, comprimento, conforto… São muitas variáveis que podem nos frustrar quando saímos com uma expectativa muito definida.
Por que temos menos paciência em brechós?
Embora isso também aconteça em lojas tradicionais e até em sites de fast fashion, nós não podemos ignorar que a nossa resposta à frustração é completamente nos dois cenários.
Quando você vai a uma loja de departamento no shopping mais perto da sua casa em busca de uma calça jeans que atenda a sua necessidade na rotina de trabalho, ainda que você não encontre nessa ocasião, você não vai desistir de entrar em outras lojas ou até voltar nessa mesma unidade quando considerar uma próxima compra.
Já no caso de bazar e brechó, o padrão de comportamento mais comum a uma ida frustrada é desistir quase que automaticamente de tentar encontrar qualquer peça em qualquer brechó.
Que atire a pedra a pessoa que nunca entrou numa loja de usados, ficou menos de 5 minutos e já disse “ai, não tem nada, vou embora”. Sim, é difícil mudar o nosso padrão de consumo em um mundo rápido e que nos incentiva a comprar apenas com um toque na tela do celular.
Como exercitar a paciência na prática
Para fazer compras de forma mais bem sucedida, nunca ceda a compras de menos de 5 minutos. Está com pouco tempo antes de ir ao caixa ou finalizar o carrinho? Então deixe para outro momento. Essa não é a hora de fazer uma compra.
Essa regra se aplica para compras em bazar, brechó, lojas de departamento, mercados, farmácias… Toda vez que temos pouco tempo para considerar uma compra estamos mais propensos a comprar por impulso e nos arrepender.
No caso de brechós, é preciso fazer o exercício consciente de se lembrar dessa opção. Precisando de casacos ou vestidos? E se você visitar novamente o bazar no caminho do seu trabalho em vez de passar no shopping
É assim, aos poucos, que nosso cérebro vai entendendo que comprar não tem que ser uma descarga rápida de dopamina. Ela pode ser uma coisa divertida como uma caça ao tesouro, que pode começar hoje mas não tem nunca data certa para acabar.
Além disso, prepare-se para a pior frustração de todas: encontrar a peça perfeita no brechó e ela não ser do seu tamanho ou alguém comprar antes de você. Essas doem mesmo, viu?
2) “Tudo é mais fácil com as minhas amigas”
O melhor jeito de começar um novo hobby não é chamar as nossas amigas para irem junto? Faça o mesmo com os brechós e bazares.
Envolver as nossas amigas nesse interesse de encontrar peças diferentes e que já não façam mais sentido no armário de outras pessoas é ótimo para deixar esse processo mais fácil, prático e divertido.
Isso não quer dizer que vocês precisam fazer um estudo de compatibilidade de agendas para entender quando conseguiriam visitar lojas juntas, tá?
Muitas pessoas gostam de comprar na própria companhia, então vamos listar outras formas de envolver suas amigas no seu amor por brechós.
Como envolver suas amigas nas suas compras
Vocês até podem combinar de visitar juntas um bazar beneficente que acontece algumas vezes no ano, aproveitar que tem um brechó perto do restaurante que marcaram aquele almoço…
Mas, na maioria das vezes, compartilhar a nossa vontade de encontrar uma peça já faz com que as nossas amigas pensem em algo que elas têm e que poderia nos atender, não é mesmo?
E é tão legal que as nossas amigas sejam as nossas it girls, as nossas principais referências de moda, estilo e autenticidade no dia a dia. Por isso elas sempre vão ser ótimas conselheiras nas suas compras!
“Nossa, isso aqui é a sua cara!”
“Ai amiga, não consigo te ver usando isso…”
“Esse aí já até combina com aquele sapato que você usou no meu aniversário”
E vice versa. Como uma boa amizade deve ser, essa reciprocidade faz com que, antes mesmo de considerar a compra, a gente pense se tem algo como o que a nossa amiga precisa ou se ela tem algo que deixaria o nosso look muito mais legal.
É importante lembrar que, se estamos querendo repensar nosso consumo, não necessariamente comprar precisa ser a primeira resposta.
As principais vantagens de garimpar com as suas amigas
Mesmo que eu tenha um estilo diferente de várias das minhas amigas, eu AMO quando encontro algo que é a cara delas e posso mandar fotos para elas.
Com você também é assim?
Incentivar esse novo hábito no seu ciclo de amizade é tão simples quanto encaminhar um story de um vestido da cor favorita da minha amiga ou tirar foto de uma pulseira bem parecida com algo que ela estava procurando.
Quando você condiciona o seu olhar a dar atenção a tudo e não apenas ao que seria obviamente no seu estilo, você aumenta o seu repertório de moda, melhora as chances de encontrar peças mais interessantes e pode achar itens que sejam a cara da sua amiga.
Isso também aumenta a sua chance de achados incríveis: você passa a ter mais olhos atentos por aí a vestidos, blusas, calças e sapatos que tenham a sua assinatura de estilo.
3) “Circular é sempre voltar ao ponto de partida”
Quando a gente lê sobre moda circular, por alguma razão, nossa cabeça pensa apenas em passar para frente o que nós pegamos no ponto zero.
Mas círculos são contínuos, sem conseguir dar precisão sobre onde começam e onde terminam. Esse até é o significado associado às alianças.
Por que é mais fácil passar algo que já usamos para o próximo mas nós precisamos ser os primeiros a usar algo?
Por isso é que precisamos rever o nosso desejo de consumo.
Será que eu realmente preciso ser a primeira pessoa a usar um casaco se quando eu for usá-lo também vai ser a minha primeira vez vestindo ele?
É muito mais fácil na teoria do que na prática, eu sei.
Mas o ponto de partida aqui é repensar nosso consumo. A gente tem que se treinar para não pensar que a compra de algo novo é a primeira resposta lógica.
4) “Se não tem a minha cara, não mora na minha casa”
Uma das vantagens mais legais de começar a comprar peças que já foram de um estilo diferente do nosso é que isso parece deixar o nosso estilo muito mais nítido.
Foi isso que aconteceu comigo.
Depois que comecei a comprar em brechós ou desapegos de amigas, parece que as peças que eu simplesmente ia deixando na gaveta parecem me chamar para conversar:
“Amor, sinto muito, mas eu acho que não temos mais tanto a ver.
Não estamos mais dando certo, a gente quase nunca se vê direito…
Não é você, sou eu.”
E eu sempre acredito no que elas me dizem.
Por que a gente insiste em deixar aquela camisa no cabide se faz anos que a gente nem a considera na hora de vestir?
Esse término não precisa ser triste
Separar as roupas que não queremos mais abre espaço para o novo, para o mais adequado ao nosso presente e ainda possibilita que essa peça tenha uma nova chance no armário de outra pessoa.
Desde criança, eu sempre ajudei a minha mãe a separar as minhas roupas para doação, mas ter esse hábito não deixou essa tarefa mais fácil ou mais simples.
Quando somos crianças, o desapego fica óbvio: a roupa não cabe mais, ela tá pinicando, ficou curta demais, vai estar pequena até o frio voltar… Mas e depois que a gente cresce?
Filtrar as roupas que não queremos mais fica muito mais complexo quando nosso corpo não está mais passando por tantas mudanças, nosso tamanho está mais estabilizado e ainda fará sentido quando as estações se repetirem.
Eu percebi que eu tinha maior apego às roupas que eu comprei com meu próprio dinheiro, meus primeiros salários… Essas foram (ainda são) as que eu levei mais tempo para me despedir.
Para deixar isso mais empolgante, eu consegui levá-las em lojas de segunda mão que tinham alguma peça que eu queria muito. Hoje em dia, toda vez que eu uso um dos meus vestidos favoritos, eu penso que foi a minha versão de 2013 que me deu de presente.
Quando falamos de moda circular, não podemos esquecer que os nossos desapegos também têm valor. É possível doar nossas roupas, mas também é possível separar algumas mais valiosas para trocar em outras ou fazer uma renda extra.
Isso não é egoísta. Tenha certeza que o planeta ainda vai achar o máximo essa atitude.
5) “Aquilo que eu visto conta quem eu sou”
Todo mundo já ouviu que a forma como a gente se apresenta molda a opinião que o mundo tem da gente. Isso se aplica ao nosso jeito de vestir.
Roupas coloridas podem comunicar criatividade. Linhas retas podem comunicar seriedade. Os posts nas redes sociais sempre nos lembram desses códigos.
Mas outros fatores que comunicam que somos, nosso jeito de pensar, o que valorizamos e a mensagem que passamos são a qualidade e a história das nossas roupas.
Alguns nomes de grifes têm reconhecimento até hoje pela forma como priorizavam a qualidade e os detalhes nas suas peças: matéria prima, acabamentos, mão de obra especializada… Esses pontos passaram a fazer a história da marca e ao usar um item dessa marca, nós reafirmamos essa história e esse zelo por processos bem feitos.
Isso quer dizer que tudo que é de marca é melhor e superior? Não necessariamente.
Eu já comprei um vestido de linho em brechó por R$50,00, um valor muito melhor que em lojas tradicionais e com a composição muito mais interessante. Nesse caso, a história que eu conto ao usá-lo é que valorizo a qualidade do material. O linho.
No entanto, já comprei online em uma fast fashion um vestido de cetim por R$180,00 que, quando chegou, apresentou uma qualidade muito inferior à que eu esperava. Eu devolvi.
Adivinha qual dos dois passava a ideia de que era uma roupa barata e descartável, de baixa qualidade?
Na hora de escolher suas roupas, sempre pense se elas informam algo coerente com quem você é.
6) “A minha saúde é inegociável”
Entendo que o principal motivo para resistência em comprar qualquer coisa de segunda mão vem do pensamento de que estava sujo, suado, empoeirado…
Esse pensamento revela um certo preconceito causado pela facilidade do consumo rápido, tão impulsionado pelo nosso mundo capitalista e hiperconectado, mas isso também parece sinalizar uma falta de clareza sobre os processos necessários para comprar qualquer coisa de boa qualidade.
Além do óbvio, que é higienizar qualquer coisa antes de usar ou consumir, existem critérios que você pode e deve considerar na hora de garimpar.
Usar roupas confortáveis para explorar as araras e caixas de roupa, usar sapatos fechados e sem salto para ter maior estabilidade… Existem sim cuidados com a sua própria saúde que você pode ter para se sentir mais segura na hora de visitar brechós.
Se você se preocupa com alergia, por exemplo, não há nada de errado em usar máscaras em brechós.
No entanto, quero trazer um problema de saúde que é super ignorado na hora das nossas compras: a composição dos materiais.
Verificar costuras, forros, o material da peça… Esses são detalhes que facilitam a identificação de potenciais alergias e desconfortos.
Estar desconfortável, apertando, pinicando.. Tudo isso também impacta na nossa saúde. Não vale a pena comprometer isso por nenhum look, ok?
7) “Qualidade e quantidade não são significam a mesma coisa”
Corra de oportunidades como “leve x peças e pague apenas x reais”. Seja em brechós ou em lojas comuns, esse tipo de pensamento é uma armadilha para comprar por impulso e se arrepender.
Muitas vezes, aprendemos que as vantagens são contadas apenas de forma numérica. O que custa menos, o que vai durar mais anos, quantas peças podemos comprar por um mesmo valor…
Nem toda vantagem vai ser tão precisa e lógica como a matemática.
Tem gente que acredita que comprar o mais barato é mais vantajoso: menos dinheiro.
Tem gente que acredita que comprar o mais caro é mais vantajoso: maior qualidade.
Mas isso não é regra, nada disso é garantido. Todo mundo já comprou algo barato que durou muito e algo caro que foi uma bela porcaria.
Priorizar qualidade é muito mais sobre avaliar de forma criteriosa nossos próprios critérios.
Avalie as características das peças, as suas necessidades, a sua rotina, a forma como você gosta de se vestir e até o tempo que você tem para se arrumar.
Um vestido lindo e de boa qualidade que você usa de seis formas diferentes pode ser muito melhor que ter seis vestidos lindos e de qualidade ruim.
Como saber o que é de qualidade
A melhor forma de entender o que tem qualidade ou não é entender qual é a sua lógica de qualidade. Para isso, trago o caminho das pedras: algo que me ajudou muito nesse processo.
Comece tentando vestir todas as roupas que você já tem no seu armário.
Quais calças te incomodam o cós?
Tem um tipo de decote que te deixa desconfortável?
Você tem alguma peça que não consegue usar de jeito nenhum?
Por quê? O que ela tem que te incomoda tanto?
Explorando o que você já tem fica mais simples perceber que qualidade não pode ser contada apenas por quem assina a coleção da roupa, seu material ou seu preço. Existem mais camadas.
Uma peça, seja ela barata ou cara, que esteja parada no seu armário já sinalizam que não atendem aos seus padrões de qualidade.
8) “Eu sou especial demais para looks esquecíveis”
O grande ponto de virada para mim foi quando eu parei de ter “roupa de ficar em casa” e “roupa de sair”.
É claro que eu tenho peças mais especiais, com brilhos e texturas interessantes, mas eu deixei de ter aquelas roupas cuja única função fosse ser usável.
Hoje em dia, eu uso a lógica de que a vida é uma só e que eu quero usar roupas que façam eu me sentir especial para eu filtrar meu guarda roupa.
Não ceder ao impulso de ter muita coisa é cuidar para que todas as suas peças sejam especiais e únicas.
Por um tempo entre os meus 20 e 30 anos, eu precisei voltar pro básico para reavaliar o meu estilo. E eu fiz isso da forma que eu conseguia no momento: praticamente só usei roupa preta por algum tempo, muitas de malha e molinhas.
Esse exercício foi importante para eu entender o que eu sentia falta. Hoje em dia, ainda uso muito preto, muita malha, mas percebi que não gosto de passar “neutra” ou “básica”.
Existem looks que eu me sinto automaticamente mais confiante ao usá-los. Me sinto mais confortável e mais eu, menos insegura.
Sabe o que eu reparei? Que o que eles têm em comum são cores fortes e planas, modelagem menos retas e acessórios menos discretos.
Desde que tive essa percepção, que demorou anos para amadurecer e acho que nunca está completa, eu passei a ter apenas peças que eu amo muito, que eu considero especiais e que vão fazer eu me sentir especial.
Agora, toda vez que eu vou me arrumar, eu só tenho peças que já são a minha cara para escolher.
Essa é a diferença entre estoque e acervo. Repare como um parece muito mais banalizado e comum e o outro muito mais exclusivo, feito com uma curadoria. Entendeu?
9) “O planeta me incentiva a cuidar de mim e dele”
A forma como repensar nosso consumo impacta todo o resto é impressionante: o uso de água, o preço de um delivery…
Parece que todas as outras decisões ficam menos difíceis simplesmente porque estamos condicionando o nosso cérebro a não ser constantemente pressionado por anúncios, padrões de comportamento e, principalmente, de consumo.
A sustentabilidade impacta muita coisa ao nosso redor. Por isso, nunca devemos achar que estamos fazendo “só isso” ou que “só eu não vou fazer diferença nenhuma”.
A principal diferença é na gente mesmo. Eu hoje em dia me pego comparando se vale mais a pena pedir o hambúrguer em casa ou ir até a própria hamburgueria com um amigo. Mesmo preço, experiência e valor completamente diferentes.
Outros mudanças causadas simplesmente porque passei a questionar a minha forma de comprar roupas:
- Prefiro cosméticos “limpos” e com embalagens de mais de um uso
- Descobri pontos de coleta adequada de tudo, desde remédios a óculos antigos
- Escolho produtos cuja embalagem pode ser reaproveitada de alguma forma
- Levo as roupas na costureira quando elas não estão sendo usadas
- Leio a etiqueta das minhas roupas para durarem mais
- Filtro o que eu não quero mais mas ainda tem potencial
- Entendo o que tá faltando no meu armário olhando os meus looks do dia a dia e não as vitrines das lojas
Você não precisa fazer nada disso, se não quiser. Essas foram apenas coisas que naturalmente comecei a fazer depois que eu já tinha parado de pensar que novo é sinônimo de melhor.
Cuidar da gente e do planeta realmente podem ir de mãos dadas.
10) “Comprar melhor é sempre melhor que comprar mais”
Se você tiver que se lembrar de só um dos mandamentos, lembre-se desse: comprar melhor é sempre melhor que comprar mais.
Isso vai te ajudar a fazer escolhas melhores independente de você estar dentro de um brechó.
Avalie: se eu comprar essa bota já surrada no brechó e mandar trocar o solado, ainda vale mais a pena do que comprar uma nova? Aquela bota nova e cara vai durar o tempo que eu gostaria? Na hora de comprar, nem sempre tudo é óbvio.
Não precisa tratar seus objetos de desejo como vilões. É apenas racionalizar qual trará mais vida útil e menos desperdício de recursos. E, por recursos, falamos além de dinheiro. Água, matéria prima, tempo, deslocamento até o conserto…
Quando falamos de economia, não devemos levar em consideração o dinheiro. Você vai ter tempo hábil de providenciar o reparo adequado? Vale a pena comprar e deixar na etiqueta porque você nunca tem tempo de levar na costureira?
A regra do menos é mais não é absoluta, ela deve sempre ser pensada com cautela.
Exemplo: você tem um casamento para ir como madrinha e encontra um vestido perfeito no bazar, mas ele está com o zíper defeituoso. Considerando o preço de comprá-lo mais o valor do reparo, você não gastaria menos que R$200,00. Isso sem considerar que você não tem o sapato, a bolsa e os acessórios para compor o look.
Um vestido novo na loja do centro da sua cidade até combina com uma sandália e bolsa que você já tem, mas ele custa R$750,00.
Mas se você considera que você talvez vá usar esse vestido apenas uma vez e que a cor nem é a sua favorita, foi apenas a preferência da noiva, não vale mais a pena alugar o look completo com vestido, sapato, bolsa e acessórios por R$600,00?
Reparem que o preço e o tempo no nosso armário não vão ser o principal guia de toda decisão.
Nem tudo que é mais barato é a melhor opção.
Nem tudo que é mais caro é a melhor opção.
Nem tudo que é vantajoso a longo prazo é a melhor opção.
Cada compra deve ser decidida com calma e razão. Deixe a emoção te guiar na hora de montar os seus looks, aí sim é o momento de soltar toda a emoção!
Se você chegou até aqui, não deixe de olhar as dicas rápidas para garimpar bons achados na próxima vez que você for ao brechó.
Guia rápido para fazer garimpos em brechós
Dicas para encontrar bons achados no brechó mais perto de você:
- Programar o roteiro de quais brechós você vai visitar com antecedência
- Pesquisar brechós no seu bairro ou bairros próximos
- Seguir lojas de segunda mão nas redes sociais para facilitar o garimpo
- Chamar amigas para bater perna com você no bazar
- Vestir roupas confortáveis e que facilitam experimentar por cima
- Levar sua ecobag para carregar seus achados
- Separar as roupas que você não quer mais e levar para tentar trocar por crédito/outras peças
- Só entrar no brechó quando tiver com tempo para explorar todas as araras e caixas com calma
- Comprar peças que sejam de qualidade e combine entre si ou com o que você já tem
- Manter no bloco de notas uma lista de peças que você está precisando/desejando
- Ter foco em encontrar peças mas se permitir olhar para outras coisas, como acessórios, objetos e cores que você não costuma dar muita atenção
- Prestar atenção nos detalhes de costuras, estampas, acabamentos e tecidos
- Avaliar as manchas com pé no chão se realmente podem sair e se você vai ter a paciência de tirá-las
- Avaliar se os reparos e ajustes parecem valer a pena e se você vai se dispor a ir até a costureira por aquela peça
Esse artigo foi escrito com a intenção de propor a conversa sobre consumo consciente, refletindo principalmente como ela não exclui a diversão de gostar e explorar a moda e como a sustentabilidade exige que a gente desenvolva mais camadas do nosso autoconhecimento.
Se você quiser contribuir com as suas próprias dicas e experiências com compras em brechó, não deixe de contar pra gente.

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