Desde cedo, as mulheres são instruídas de forma silenciosa e contínua a esconder o que pode incomodar o outro.
Não devemos falar sobre nossas preferências para não soarmos fúteis, não podemos falar sobre as nossas dores para que não incomodem o outro.
A pior de todas as privações que fomos ensinadas: não falarmos sobre nossos corpos para não sermos vulgares.
Quantos anos você tinha quando passou a chamar a sua vulva pelo nome?
A violência de não podemos dar nomes às coisas da forma que devem ser chamadas se perpetua mais uma vez em uma campanha de publicidade.
Sempre com o objetivo de dizer que há algo errado com os nossos corpos.
Uma “simples campanha engraçadinha” que exclui mulheres trans, invisibiliza mulheres pretas, debocha das mulheres feministas e expõe meninas ao risco de violências que elas nem conseguem perceber ainda.
Em um momento em que pequenos avanços nos traziam a esperança de um mercado publicitário mais consciente de quem nós somos, o capitalismo, mais uma vez nos lembra do óbvio: na maior parte das vezes, quando o público alvo são as mulheres, o público não somos nós.
Nós somos apenas o alvo.
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