Espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu?

Pobre rainha má: não enxergava a própria beleza, dependia da validação alheia, era refém da comparação.

Tinha espelho, mas não se enxergava, tinha tudo, mas não tinha nada.

É comum pensarmos que a realidade dos contos de fadas está distante de nós.

Mas a verdade é que as telas só mudaram de lugar: as páginas das revistas, para os cinemas, da tevê para a palma de nossas mãos.

Porque comparação é frustração. Isso a rainha má sabe bem!

Pprque quando a gente perde tempo de comparando, a gente esquece do que é mais importante: enxergar as nossas próprias potencialidades.

A Nayara de 14 anos se comparava com as mulheres em revistas. Mas ela precisava ir à banca ou aguardar um mês para que o exemplar de assinante chegasse em sua casa.

Nos tempos atuais as garotas de 14 anos só precisam abrir o Instagram: é instantâneo.

Pensando o quanto as ocmparações afetam a nossa autoestima, decidi desenvolver um tcc prático: uma revista eletrônica plural, que resultou no manifesto #SeEnxerga – um editorial de beleza, sem make e sem filtros, que reúne mulheres incríveis e reais.

Mulheres cis, trans, PCD, pretas, brancas, hétero, bi, lésbicas, altas, baixas, gordas, magras: um editorial que grita o quanto somos muitas, lindas e únicas.

Descobrimos uma frase que é comumente dita como ofensa “ah, se enxerga”, como uma bandeira de autoestima: um convite para se enxergar de verdade, sem amarras, padrões ou comparações.

Em 2018 nasceu o manifesto “Se Enxerga”, e também foi o ano que conheci a Anna.

Hoje, 5 anos depois, fico muito feliz em celebrarmos juntas as potências do feminino, tendo a certeza que a gente pode admirar a beleza de outra mulher, sem duvidar da nossa própria beleza.

Porque quando temos a ciência do nosso valor, a gente não cai na cilada da comparação!

Aaaah que bom seria se a Rainha se enxergasse de verdade!

Ela teria convidado Branca para um brunch e ao invés da maçã iria optar por um chá com carboidratos!

Elas teriam conversado, reclamado dos infortúnios do patriarcado e com certeza juntas fariam um belo reinado.

Texto: Nayara Garbeiro
Fotografia: Flora Elias
Direção Criativa: Anna Leão
Apoio: Fórum da Cultura

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