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Dossiê do bronze

Quando falamos de pele bronzeada, o que é mito e o que é verdade? Veja no nosso dossiê.

Dossiê do bronze

O corpo dourado pelo sol de Ipanema é um ícone mundial.

Mas, mesmo longe da praia — como aqui, de onde escrevo — pegar um bronze no verão é um desejo compartilhado, e um hábito presente em nosso país tropical.

Diante de tantos conteúdos sobre o assunto, dicas duvidosas e ebulição global, selecionamos dúvidas da redação e das leitoras para montar um dossiê do bronze.

Conversamos com a dermatologista Myrian Melo para entender mitos e verdades sobre o bronze, e o que acontece no nosso corpo quando nos bronzeamos. 

Passe seu protetor facial (e a página), e boa leitura!

Vamos direto ao ponto: existe bronzeado saudável? 

Não, não existe bronzeado saudável. 

Se a pele bronzeou, modificou de cor, isso significa dano no DNA da sua célula. 

De forma cumulativa e repetitiva ao longo dos anos, aumenta a chance de câncer de pele e envelhecimento precoce. 

Mas, isso não quer dizer que se expor ao sol não seja saudável. Causa bem estar, é importante para síntese de vitamina D, aumenta hormônios relacionados a felicidade e prazer.

Ou seja, se expor ao sol é saudável, mas o bronzeado não. 

O que acontece no nosso corpo quando nos bronzeamos? 

A exposição ultravioleta, que é proveniente do sol e das câmaras de bronzeamento artificial, causam danos ao DNA das células da nossa pele. 

O que enxergamos é a vermelhidão ou o bronzeado, mas a mudança de tonalidade da pele significa o dano do DNA acontecendo.

E é cumulativo. A cada vez que você toma sol, mais células vão sendo danificadas. 

Ao longo dos anos, a exposição solar contínua, prolongada e repetitiva pode causar alterações tão graves no DNA que podem causar o câncer de pele. 

Além disso, ao se bronzear a pele passa por estresse oxidativo. 

Então, a radiação é capaz de causar um estresse na célula, alterar a formação, proliferação e levar ao envelhecimento da pele.

Então, a pele perde o brilho, se torna mais flácida, mais enrugada, sem tônus, sem elasticidade, o consumo de colágeno é maior, além de causar manchas. 

Qual é o tipo de câncer de pele relacionado à exposição solar? 

Existem dois tipos de câncer de pele: carcinomas e melanomas. 

Lembrando que todo câncer de pele é maligno, não existe câncer de pele benigno. 

Os carcinomas são menos agressivos. Não é comum ter metástase, não infiltra para tecidos profundos e não tem tanta chance recidiva. 

O melanoma tem maior chance de rescindir, tem maior agressividade, maior mortalidade associada e invasão de outras estruturas. 

O carcinoma está associado à exposição solar contínua e prolongada.

Por exemplo, trabalhadores rurais, carteiros, caminhoneiros, pessoas que suas atividades laborais tem muita relação com a exposição solar. 

O melanoma tem uma questão genética relacionada, e tem relação com uma exposição mais esporádica e intensa. 

Por exemplo, uma pessoa que teve uma insolação na infância por exposição solar intensa, e já tem uma predisposição genética, pode desenvolver um melanoma.

Mas os dois têm relação com a exposição solar. 

Qual o impacto de “pegar um bronze” para quem tem melasma? 

O melasma é uma mancha relacionada à exposição ultravioleta. 

Então, qualquer mínima exposição vai fazer este melasma aparecer, escurecer, piorar, voltar.

 A orientação principal é o uso do protetor solar, de preferência com cor. O pigmento faz uma proteção a mais de proteção, além de proteger contra a luz visível, que é o uso de telas, lâmpadas, etc.

Caso a pessoa não se adapte ao protetor com cor, sugerimos que use o protetor sem cor e, em seguida, maquiagem.

Não adianta a pessoa proteger o rosto, mas bronzear o corpo quando tem melasma, porque ele age de forma sistêmica.

Não é a mancha do melasma que não pode pegar sol, é todo o corpo. O sol que a gente toma no dedinho do pé vai interferir no melasma do rosto.

Casos de melasma que respondem pior ao tratamento, durante o verão lançamos mão do uso dos antioxidantes orais, que são conhecidos como “protetores solares orais”. 

São substâncias que usamos em comprimidos que vão ajudar nessa ação antioxidante e minimizar a ação da radiação ultravioleta no corpo.


Como evitar manchas na pele relacionadas ao sol? 

A principal forma de prevenir manchas relacionadas ao sol é evitar o sol (risos). Não existe nada melhor ou superior a isso.

E, muitas vezes, a gente só associa manchas de sol à exposição intensa, como na praia. 

Mas, esquecemos que caminhamos, andamos do trabalho para casa, da casa para o mercado, e estes pequenos momentos de exposição solar em um país tropical como o nosso já é suficiente para indução e manutenção das manchas relacionadas ao sol. 

Então, a prevenção está no uso do protetor solar diariamente, e não só quando a exposição é abundante. 

Mitos & Verdades sobre bronze

Bronzeadores, parafina, aceleradores de bronze, óleos para bronzear fazem mal?

Tudo aquilo que vai ajudar a pele a se queimar com o sol, seja na forma de queimadura solar ou bronze, significa que você está intensificando o dano que o sol causa na sua pele.

Você está acelerando isso e fazendo com que o dano na sua pele seja mais rápido e mais intenso. 

Então, não, o uso de aceleradores de bronze não são seguros. 

Se você quer uma pele bronzeada e saudável, os autobronzeadores são opções interessantes, que funcionam como uma tinta e não fazem mal. 

Comer cenoura ajuda a intensificar o bronzeado?

Qualquer alimento que tenha essa coloração mais alaranjada, como abóbora, moranga, laranja, vai aumentar a pigmentação da pele, por conta do excesso de betacaroteno.

É uma pigmentação exógena, que não necessariamente precisa da exposição solar, então pessoas que comem muita cenoura podem ficar com a sola dos pés e das mãos alaranjadas sem ter relação com o sol, por exemplo.

Água salgada ajuda a intensificar o bronzeado?

Na verdade, essa história de que água salgada potencializa o bronze não tem a ver exatamente com a água. 

Vem da associação entre água salgada com o mar e a exposição solar.

Quando estamos na praia, naturalmente, nos expomos mais ao sol, e quando estamos dentro do mar, estamos diretamente no sol, então neste momento nos queimamos mais. 

E a outra questão é que quando você está úmida (com água doce ou salgada), você tolera mais o sol, porque você demora mais para sentir os primeiros sinais da queimadura solar (ardência, irritação vermelhidão). 

Passar água oxigenada no sol faz mal?

A água oxigenada é um descolorante do pêlo, que faz o pêlo perder o pigmento. 

Isso é estimulado pela radiação ultravioleta, mas a exposição ao sol não é necessária para que aconteça essa perda do pigmento. 

Ou seja, você pode passar água oxigenada longe do sol que vai funcionar da mesma forma, e você se protege. 

Sol ameniza as estrias?

Sim, quando estamos bronzeadas podemos ter a sensação de que a estria fica menos evidente.

Isso acontece porque quando bronzeamos, a estria bronzeia também porque existe pigmento ali, já que a estria nada mais é, do que uma forma de cicatriz.
Isso pode melhorar o aspecto da cicatriz durante o estado bronzeado, mas não é um tratamento, o bronzeado acaba e a estria volta a sua cor normal.

Como aproveitar o sol e verão de forma saudável?

É possível aproveitar a exposição solar sem danificar sua pele, com bons hábitos como:

  • Usar protetor solar na quantidade correta, com FPS acima de 30;
  • Reaplicar o protetor a cada 60-90 minutos; 
  • Evitar se expor ao sol entre 10h – 16h; 
  • Óculos e roupas com proteção;
  • Chapéus, bonés e viseiras;
  • Ficar na sombra o máximo possível, evitando a exposição solar direta (tipo torrar no sol, tá garota?? – autocrítica )


Matéria: Anna Leão
Fotografias: Flora Elias



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